Aqui também temos regras.
Este blog é como qualquer outro lugar do mundo.
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1. O flapeano Z tem X e Y dias para postar.
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Com isso não estou dizendo que somos obedientes. Fazemos o mínimo. O mínimo no caso nem é postar, mas não invadir o dia X e Y do coleguinha Z. (Considerando que não estejamos movidos por uma crise de identidade e que, portanto, e sem sombra de dúvidas, sejamos o coleguinha W.)
Os meus dias, até então: segunda e quarta/ segunda ou quarta/ nenhum dos dois. (“Nenhum dos dois” é nova modalidade; modalidade questionável; modalidade a ser discutida.) Significa: não devo – e “não devo” não é “não posso” – postar quinta-feira.
Com toda essa ladainha quero dizer que lamento não poder começar este post com “Hoje termina”, pois devo admitir que me agradam os números redondos. “Hoje” é número redondo enquanto “Amanhã” não. “Amanhã” é “Hoje” + 1. Sim, toda a ladainha para comentar uma idiossincrasia (ou quase somente para isso), mas é preciso começar, e que seja (será) sem números redondos.
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Amanhã termina o prazo da Petrobrás.
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2. O flapeano deve tratar do literário contemporâneo.
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(Formalmente não são essas as palavras, e não sei bem se há palavras, porque, diante de uma regra que exija “literário” e “contemporâneo”, cavamos reunião para horas e horas, e convenhamos que reunião, assim com esse nome, é algo bem chato. E o pior: à necessidade de reuniões ainda obedecemos.)
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Sou um pouco supersticiosa; acredito que falar entrei na corrida pelo patrocínio possa automaticamente limar as minhas chances de ser bem-sucedida. Haverá alguma maldita conjunção astrológica, algum Deus jocoso que me aponte o dedo e diga “Rá, você não soube guardar segredo, você merece perder!”.
Mas estou regida hoje, número redondo, pelo dever. (Pff.) (Pff?) E, se objetivamos tratar do “contemporâneo”, é meu dever tratar do que não é segredo para ninguém: todos (ok, para toda regra existe uma exceção: quase todos) os parceiros do campo literário – e não somente literário – se empenharam nos últimos dias para enviar os seus projetos à Petrobrás.
Considerando que a maior parte não será contemplada e que, entre os não contemplados, haverá os que guardaram segredo, a minha situação de peitar deuses (constelações e o diabo a quatro) está resolvida. Se eu não ganhar, foi pela audácia, pela blasfêmia, pela ousadia, etc. (só por isso, ok?); se eu ganhar, estarei me livrando de uma superstição (e provavelmente livrando aqueles que se preocupam obsessivamente em guardar segredos como esse – ó, estrelas, atentem para o ato filantrópico!).
Tendo em vista a contemporaneidade do Petrobrás Cultural – e depois de amanhã só retomemos esse tema em outubro, por favor –, andei caçando aqui os contemplados na edição passada. São ao todo 23 nomes, bem conhecidos, menos conhecidos. Não postarei trecho de cada livro lançado – ou ainda não lançado, o que exigiria contato com os autores, suas superstições e idiossincrasias –, mas estimularei a pesquisa particular de cada um de vocês:
PROGRAMA PETROBRAS CULTURAL – SELEÇÃO 2006 / 2007
PRODUÇÃO E DIFUSÃO – LITERATURA
CRIAÇÃO LITERÁRIA: FICÇÃO E POESIA
PROJETOS CONTEMPLADOS
AMOSTRAGEM COMPLEXA
Protocolo: 296
Proponente: Simone Silva Campos
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de contos de uma autora que já tem dois romances publicados.
UM A MENOS
Protocolo: 704
Proponente: Heitor Ferraz Mello
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de poemas que versam sobre o ambiente urbano, focalizando com particular interesse os elementos inquietantes da cidade.
HOTEL NOVO MUNDO
Protocolo: 1147
Proponente: Ivana De Arruda Leite
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Romance sobre a São Paulo contemporânea, enfatizando a vida cotidiana dos habitantes humildes do centro.
A FILHA DO ESCRITOR
Protocolo: 1397
Proponente: Gustavo Bernardo Galvão Krause
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Romance metaficcional, tematizando o universo literário de Machado de Assis por meio da história de uma protagonista que se vê filha do escritor e que está internada num manicômio.
UMA HISTÓRIA À MARGEM
Protocolo: 1542
Proponente: Ricardo De Carvalho Duarte – Chacal
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Narrativa ficcional de aspecto memorialístico que repassa a experiência da poesia marginal, do teatro experimental e da poesia falada a partir dos anos 70.
CORPO-A-CORPO COM O CONCRETO – ROMANCE
Protocolo: 1815
Proponente: Bruno Zeni
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Proposta de romance articulada a partir de duas histórias narradas em primeira pessoa, uma de um jornalista e outra de um morador de rua, ambas em São Paulo.
CASO OBLÍQUO
Protocolo: 1909
Proponente: Maria Beatriz de Almeida Magalhães
Estado do Proponente: MG
Apresentação: Romance que se dispõe a recriar o sentido e o horizonte histórico da fundação de Belo Horizonte, explicitando a passagem do rural agrário para o urbano industrial.
PEIXE MORTO
Protocolo: 2024
Proponente: Marcus Vinicius de Freitas
Estado do Proponente: MG
Apresentação: Híbrido de romance histórico com romance policial, o projeto recupera os debates sobre o evolucionismo darwinista, na paisagem atual de Belo Horizonte.
ROÇA BARROCA
Protocolo: 2052
Proponente: Josely Vianna Baptista
Estado do Proponente: PR
Apresentação: Livro de poesias que tematiza elementos da cultura indígena do oeste do Paraná.
ONDE NÃO HÁ JARDIM
Protocolo: 2066
Proponente: Ana Paula Sá e Souza Pacheco
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de contos que tem como ambiente a cidade de São Paulo.
A FÁBRICA DO FEMININO
Protocolo: 2186
Proponente: Paula Glenadel
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de poesia organizado em torno da noção do “feminno” na perspectiva do humano.
SOB O DUPLO INCÊNDIO
Protocolo: 2648
Proponente: Carlos Eduardo Barbosa de Azevedo (Carlito Azevedo)
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Livro de poemas no qual o poeta retorna aos grandes núcleos temáticos dos seus trabalhos anteriores.
ALGUM LUGAR
Protocolo: 3373
Proponente: Paloma Vidal
Estado do Proponente: DF
Apresentação: Projeto de romance pautado no conflito entre esfera intima e convívio social.
MODELOS VIVOS
Protocolo: 3393
Proponente: Ricardo Aleixo
Estado do Proponente: MG
Apresentação: 60 poemas explorando aspectos plástico-visuais e sonoros da palavra.
TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS
Protocolo: 3472
Proponente: Rodrigo Antonio de Souza Leão
Estado do Proponente: RJ
Apresentação: Apresentado como uma espécie de delírio, mesclando nomes de remédios, visões literárias fantasmais e registros do cotidiano, o texto é um estudo de caso em forma de ficção.
“RUMINAÇÃO À BEIRA DO RIO PINHEIROS”
Protocolo: 3496
Proponente: Alberto Alexandre Martins
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Projeto de dialogo poético com Mario de Andrade com outras meditações.
PROJETO LITERÁRIO PRIMAVERA NOS OSSOS – ROMANCE
Protocolo: 3533
Proponente: Alessandra Leila Borges Gomes
Estado do Proponente: BA
Apresentação: Romance com linguagem experimental focada na representação da experiência de uma mulher estuprada.
RELÓGIO SEM SOL
Protocolo: 3676
Proponente: Carlos Adão Volpato (Cadão Volpato)
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de ficção reunindo escritos sobre a passagem do tempo.
ALEIJÃO (LIVRO DE POEMAS)
Protocolo: 3714
Proponente: Eduardo Sterzi
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro de poemas voltados para a reflexão sobre os lugares de irrupção da violência.
“ESSA COISA BRILHANTE QUE É A CHUVA”
Protocolo: 3798
Proponente: Cintia Moscovich
Estado do Proponente: RS
Apresentação: livro de contos com temática voltada para a contingência do individuo no mundo.
A EXTINÇÃO DA INFÂNCIA
Protocolo: 3826
Proponente: João Carlos (Joca) Reiners Terron
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Romance que tematiza a perda do universo infantil, numa estrutura e numa linguagem impactante.
“PIER, TRÓPICO”, UM LIVRO DE POEMAS
Protocolo: 4196
Proponente: Sérgio Alcides
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Livro que reúne poemas em série e outros avulsos em torno de três imagens: “ossada”, “píer” e “trópico”.
“EU QUERO SER EU”
Protocolo: 4630
Proponente: Clara Averbuck
Estado do Proponente: SP
Apresentação: Proposta de romance juvenil, tematizando a história de uma adolescente em choques com os valores conservadores.
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Agora, com licença, recolho-me para pedir perdão e acender uma vela. Boa sorte a todos. E, por via das dúvidas, guardem o segredo. 😉
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